Memória Descritiva
Cartão de crédito ambiental para o cidadão.
O Dia da Sobrecarga do Planeta, determina o momento em que os recursos do planeta para um determinado ano são esgotados. A partir desse momento, a Humanidade vive a crédito do recurso naturais do Planeta… Assim surge a ideia de criar um sistema de “cartão de crédito ambiental” para o cidadão comum.
A sociedade atual é cada vez mais impulsionada ao consumo exagerado e a um estilo de vida rápido, descartável e desprovido de consciência do impacto ambiental que o nosso consumo provoca dos recursos do planeta, na perda da biodiversidade e diminuição dos serviços de ecossistemas providenciados.
“Cartão de crédito ambiental” pretende ser um sistema de incentivos ao uso sustentável dos recursos e à redução ao consumo, em que o cidadão acumula créditos/pontos, sendo posteriormente revertidos em benefícios ao cidadão.
O conceito passa pela inscrição de um cidadão a título individual ou famíliar, numa plataforma criada para o efeito. Nesta plataforma seriam registadas, mediante comprovativos e posteriormente validadas, as ações que atribuiriam pontos ao utilizador. Ao fim de um ano, esses pontos seriam convertidos em créditos, que se revestiam em benefícios para o inscrito.
Exemplos de ações que atribuem pontos:
- utilização de meios transporte coletivos;
- compra de produtos sustentáveis, locais e de comércio justo (mediante talão de compra com nif, por exemplo);
- existência de veículos elétricos no agregado familiar;
- avaliação da taxa de reciclagem familiar (se aplicável na zona de residência ou através de visitas de técnicos);
- participação em atividades de sensibilização e voluntariado ambiental;
- existência e manutenção de hortas familiares;
- etc.
Exemplo de benefícios atribuídos ao cidadão:
- majoração na comparticipação à aquisição de painéis solares;
- apoios na aquisição de veículos elétricos;
- oferta de bicicletas ou trotinetes elétricas;
- kits ou cabazes de produtos sustentáveis;
- apoio/consultadoria em serviços agroambientais, para implementação de hortas familiares;
- etc.
Com este conceito, é possível, não só incentivar à redução consumo e implementação de um estilo de vida mais saudável e ecológico, mas também informar, sugerir mudanças de comportamento ou hábitos de consumo (por exemplo, um cidadão pode desconhecer a existência de um determinado serviço ou produto, sendo este uma possibilidade de acumular pontos…).
O sistema de benefícios atribuídos ao cidadão, seriam uma forma indireta (mas com efeitos a curto-médio prazo) de combate ou mitigação aos efeitos das alterações climáticas, ou até mesmo ajudar ao cumprimento de metas ambientais impostas pela Comissão Europeia.
Vejamos um exemplo prático:
A Família Santos, gostaria de reduzir a sua pegada ecológica, mas na verdade não sabe bem o que fazer… acredita que a reciclagem é a única forma de ajudar o planeta e que as compras que faz na internet não afetam o bem-estar do planeta.
Descobriu este sistema de incentivos da DRAAC e ficou curiosa! Após o registo na plataforma, descobriu que existem várias alternativas no mercado, que lhe permitem reduzir a quantidade de plástico que compra (champô sólido, detergentes concentrados em embalagens de papel, etc.). Ficou a saber que pode também recorrer a serviços de sapateiro ou costureira na sua zona de residência, que lhe permitem aproveitar os seus bens, sem necessidade de comprar novos! Ou até participar em atividade de voluntariado com os seus filhos e ajudar a plantar uma nova floresta.
Todos estes serviços contribuíram para acumulação de pontos. Ao fim de um ano de pequenas mudanças de hábitos e consumos, foi-lhe atribuído um determinado crédito ambiental, que lhe favoreceu na compra de painéis solares para a sua habitação, reduzindo assim a despesa mensal e o consumo de combustíveis fósseis.
Quanto à RAA, esta beneficiou do contributo para o cumprimento de metas estabelecidas no âmbito da Economia Circular, Gestão de Resíduos, Energias Verdes e Alterações Climáticas.
“Cartão de crédito ambiental” é uma ideia inovadora que segue a tendência e os desafios globais. Pretende integrar os conceitos e as boas práticas, conciliar conceitos de desenvolvimento sustentável com as ações humanas positivas. Seria uma forma de familiarizar a sociedade civil, com instrumentos que o sector público detém para enfrentar os desafios ambientais regionais e globais.
Consciente que esta ideia carece de ser trabalhada para ser passível de implementação, creio que tem potencial para receber boa aceitação pelo júri.